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Mulher Solo: Invisibilidade Social, Potência Real

Por: Silvia Helena A. Bueno Brandão


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Coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental, séries finais, no Colégio Bandeirantes, em São Paulo. Mestre e doutoranda em Educação: Currículo pela Pucsp.










Este texto é para as mulheres solo que sustentam lares, famílias e sonhos. Que representam o chão, o pavimento, a sustentação de si mesmas e de outros. É para as que executam, sozinhas, a partitura da vida.


Dados do IBGE mostram que a maior parte dos lares brasileiros é chefiada por mulheres — e muitas delas estão sozinhas nessa missão. São mais de 11 milhões que trabalham, criam seus filhos, cuidam do entorno, educam, pagam as contas, garantem a sobrevivência de si e de outros. Isso representa aproximadamente 63% dos lares chefiados por mulheres com crianças pequenas. Em muitos desses casos, não há qualquer presença paterna — nem financeira, nem afetiva.


Elas estão em todos os lugares: cuidando, trabalhando, criando, resistindo. Muitas vezes sozinhas, mas sempre gigantes.


Estar só na lida da vida não significa estar solitária. Entre determinados grupos sociais, há, quase sempre, uma rede de relações de ajuda. No entanto, é comum às mulheres solo estarem sem apoio, reconhecimento ou descanso adequado.


Essas mulheres não são exceção. São regra em boa parte do país, especialmente nas periferias urbanas e comunidades rurais. Mesmo assim, em muitos contextos, seguem invisíveis: no debate público, na formulação de políticas e nas estruturas de apoio social.


Ainda hoje, com toda a informação disponível sobre a situação da mulher solo, não se pode contar com uma bancada ou frente parlamentar dedicada aos direitos das mães solo ou famílias monoparentais. Essa ausência reverbera na invisibilidade legislativa: não há uma legislação nacional que proteja ou priorize a mãe solo em programas de habitação, transporte ou trabalho, por exemplo.


A mulher solo é, quase sempre, a única fonte de renda da casa — e também responsável por tudo: filhos, escola, saúde, comida, casa, trabalho. De acordo com uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo, mulheres dedicam, em média, 21 horas semanais a cuidados domésticos não remunerados. No caso das mães solo, esse número é ainda maior — e sem divisão com ninguém.


Essa sobrecarga tem consequências diretas: menos tempo para si, maior risco de adoecimento físico e mental, menor inserção no mercado formal de trabalho e dificuldade em acessar educação e lazer.


Segundo dados do DataSUS (2023), mulheres solos são mais vulneráveis a diversas formas de violência — psicológica, patrimonial, institucional. Muitas enfrentam o abandono paterno sem qualquer suporte legal ou financeiro. Ainda assim, o número de pensões alimentícias judicializadas é muito inferior ao número real de famílias afetadas.


Apesar da falta de apoio, a mulher solo segue em frente. Trabalha como pode, cuida como sabe, luta como precisa. Ela não espera heróis. Cria filhos que aprendem com o exemplo. Organiza redes de apoio com outras mulheres. E transforma, silenciosamente, a estrutura social ao seu redor.


Como disse Conceição Evaristo:


> “Eles combinaram de nos matar. Mas a gente combinou de não morrer.”



Acreditamos que a mulher solo não deve ser romantizada, mas respeitada e apoiada.

Por isso, é urgente lutar por:


Políticas públicas de acolhimento e cuidado compartilhado;


Incentivos para creches, moradia e trabalho digno;


Redes de suporte entre mulheres, com apoio psicológico e jurídico;


Visibilidade para as histórias e lutas dessas mulheres.



Elas não estão sozinhas porque falharam. Estão sozinhas porque resistem todos os dias, com coragem e dignidade.

Fontes: 


- IBGE, 2022. “Estatísticas de famílias monoparentais no Brasil”


- ONU Mulheres Brasil, 2021. “Mulheres Chefes de Família no contexto da pandemia”


- Fundação Perseu Abramo, 2020. “Trabalho doméstico e desigualdade de gênero”


- DataSUS, Ministério da Saúde, 2023. “Vigilância de violências interpessoais e autoprovocadas”


- ChatGPT


 
 
 

1 comentário


Sarren
Sarren
11 de ago.

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