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A REVOLTA DOS BICHOS

por: Anna Lydia Collares


O livro A Revolta dos Bichos, do autor George Orwell, publicado em 17 de agosto de 1945, considerado clássico da Literatura Inglesa, uma história simples, didática e reflexiva. Em suas 86 páginas, o autor tem como objetivo trazer reflexões quanto a revolução russa na época de Stalin, escrito em forma de fábulas para que fosse uma literatura de fácil compreensão. Os personagens são animais, com falas humanizadas. A história se passa na granja do Solar, do Sr. Jones.

Lá havia um porco mais velho, que convocou uma assembleia para contar seu sonho de tempos melhores e mais justos. Dizia ele, o porco Major, a todos que o ouvia, sobre a exploração que os homens faziam, alegando que os humanos ganhavam dinheiro, os usando como transporte, vendendo seus produtos, e eles, os animais, não tinham nenhuma recompensa.

Cantando sua canção de encorajamento, que posteriormente, virou um hino para a bicharada. O hino da revolução era cantado como mantra por todos. Porém, três dias depois, o porco major morreu e o Sr. Jones estava passando por dificuldades, deixando a cargo dos funcionários da granja os cuidados dos animais. Foram dias difíceis, os animais passaram fome e neste momento ocorre a tão sonhada, revolta dos bichos. Todos saíram dos seus espaços atacando os funcionários, e assim, os bichos os expulsaram e dominaram a granja.

Os porcos, considerados os animais mais inteligente do que os demais bichos, tornaram-se os líderes criando os sete mandamentos da granja. Todas as duas pernas são inimigas/ Todos de quatro patas ou com asas são amigos/ Os animais não devem usar roupas/ Os animais não devem dormir na cama/ Os animais não devem beber álcool/ Os animais não devem matar outros animais sem motivo/ Todos os animais são iguais.

Bola de Neve. Estes dois não compactuavam das mesmas ideias, por vezes em discordâncias e atritos. Diferenciavam brutalmente de seus interesses políticos, estrutura de valores que por vezes se corromperam.

Trazendo para os tempos atuais, havia também a massa de manobra, bem representada pelas ovelhas, que acatavam as ordem sem protestar. Sátira a política da Revolução Russa. Sua obra foi dividida em 10 capítulos, o autor se denominava como socialista democrático, crítico do regime totalitário da esquerda que não representava os valores do socialismo. Reflexão de igualdade do homem e da impossibilidade desta igualdade, devido ao homem sempre querer ter vantagem enquanto lidera, de quem sempre sai ganhando e tem vantagens. Sempre haverá, oprimidos e opressores. Povo de memória curta. Vejam que na história contada, os porcos acabaram fazendo o que abominavam, o que os levaram a revolução, a revolta, nítida percepção que esqueceram tudo que viveram. Os animais não lembravam das regras e por isso não contestavam, historicamente semelhante aos fatos reais.

Os porcos passaram a ordenhar as vacas e o leite sumia, o casal de cachorros que tiveram vários filhotes, os filhotes também sumiram. As maçãs quando colhidas, também sumiram. Havia grande suspeita que os porcos eram responsáveis por estes feitos. Por sua vez, os porcos achavam que tinham que se alimentar bem e não podiam ficar doentes, pois eles eram os lideres da bicharada. Os animais, em vigília constantes das terras, não deixavam os humanos voltarem para a granja.

Bola de Neve propôs a construção de um moinho de vento e como de costume, foi posto a proposta em votação. Tudo estava quase certo que seria vitorioso, mas Napoleão, deu o golpe. Convocou seus cachorros, aqueles cachorros que ele teria escondido até que crescessem, viraram seus protetores e receberam ordem para atacar Bola de Neve. Bola de Neve precisou fugir da granja e assim, Napoleão assume a liderança.

Como seu estilo de liderança era bem diferente do Bola de Neve, as votações foram extintas, os bichos não participavam mais. Até que um dia Napoleão trouxe a ideia para construírem um moinho de vento. Todos ficaram assustados porque sempre se mostrou contrário, mesmo assim todos aceitaram a proposta. Com o passar dos dias, o material começou a faltar. Napoleão então distribuiu tarefas, como, as galinhas tinham que produzir mais ovos, os cavalos tinham que transportar mais materiais. Desconsiderando tudo que combinaram lá no início.

Numa tempestade o moinho de vento, ainda em construção, caiu. Napoleão culpou Bola de Neve e todos os bichos foram obrigados a tratá-lo como se estivesse morrido. Dentre todos, quatro porcos estavam aliados ao Bola de Neve, Napoleão ao saber deu ordens aos cachorros para matá-los. Todos que desobedeciam ou questionavam o Napoleão eram ameaçados ou mortos. Todos temiam muito ao porco. Primeira vez que um animal era morto pelos próprios animais, antes só aconteciam por ordem dos humanos.

Napoleão, por sua vez, para que não parecesse tão cruel, fez alterações nos mandamentos. Alterou o sexto mandamento, tornando-o: nenhum animal matará outro animal, sem motivo. O quarto mandamento que dizia: nenhum animal dormirá em cama, após os porcos assumirem a casa do Sr.Jones, foi complementado: nenhum animal dormirá em cama com lençol. E não parou por ai, após o moinho de vento estar quase pronto foi implodido pelos humanos que invadiram a granja, Napoleão desconsolado, começou a beber alterando mais um mandamento. Nenhum animal pode beber em excesso. Os bichos, incansáveis, voltaram a trabalhar na reconstrução do moinho, o Sansão foi o cavalo que mais trabalhou. Durante este processo ele adoeceu, sendo então mandado para o matadouro.

Todos se calavam por medo de Napoleão. Os seus cachorros poderiam matá-los. Fazendo uma analogia com o momento atual, quantos se calam por medo?

Com passar do tempo, alguns animais foram morrendo, mais o burro, chamado Benjamin, por viver muito tempo ainda estava na granja e lembrava que os porcos e os cães continuavam com mordomias.

A promessa era que o moinho de vento favorecesse como fonte de eletricidade para que os animais tomassem banhos quentes, dormissem com maior conforto, quando na verdade o que ocorreu foi produzir mais animais e os porcos ganharem mais dinheiro. Napoleão então pede para que os animais construam mais um moinho de vento todos trabalhando muito e continuando com fome. Exploração esta que não tinha fim.

Os porcos começaram a andar em duas pernas e não satisfeitos, alteraram outro mandamento, tendo como lema: quatro pernas bom, duas pernas melhor. Hábitos cada vez mais semelhantes aos humanos.

Conclui-se após essa leitura uma crítica à sociedade, ao poder que é capaz de mudar posturas, alterando mandamentos ou leis para que melhor lhe convenha. O que antes era condenado, torna-se hábito.

Pelas narrativas nota-se as semelhanças de Napoleão ao Stalin, Bola de Neve ao Trotsky, os cavalos eram animais do bem, os cachorros eram a proteção, o exército, digamos, os capangas, na atualidade e as ovelhas, seguidores incondicionais, fazendo sem reclamar ou questionar.

Um livro para se ler muitas vezes e tirar belas lições.

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